Da Colina Kokuriko (2011) - 015

Título Original: Kokuriko Zaka-kara

Direção: Goro Miyazaki
Roteiro: Hayao Miyazaki; Keiko Niwa
Gênero: Animação
Origem: Japão
Duração: 92 min min
Tipo: Longa-Metragem
Cor: Colorido
Ano: 2011

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Quando fui assistir Da Colina Kokuriko estava em um dia de descanso nublado e carregado de desesperança de como uma dia de maio pandêmico pode ser. Ando perdida e abatida pelas tragédias ao passar os olhos no jornal e nas redes sociais. Desânimo e envergonhada em ser humana. Enfim.

Fui assistir sem grande pretensão, a premissa também era suave: O ano era 1963 em Yokohama, Japão e conta a história de Umi Matsuzaki, uma menina do ensino médio que a mãe é uma professora que está na "América". Ela mora com a avó, uma irmã e elas mantém uma antiga casa, adaptada para ser uma pensão.
Umi conhece Shun Kazama, um membro do clube de jornais da escola. Numa tentativa de manter o prédio que abriga o clube de Shun, Umi sugere em limpar e reparar todo o local.
Mesmo assim, o diretor da escola ainda quer destruir para obter lucros para a escola. Na tentativa de salvar o prédio, são formados debates e uma espécie de plenária para discussão da vontade dos alunos e depois organização e limpeza de tudo.

Das coisas que mais gostei nesse filme, uma delas foi toda a parte dos garotos nos debates e organização que faziam para não serem pegos. Uma sensação de união estimulante e revigorante, deu até saudade de uma reunião dos estudantes da faculdade; falar mal de tirania é um hobby atemporal.
É bonito demais como que a cidade é algo importante no filme. A cidade parece uma personagem direta e pensando bem, acontece muito nos filmes que tem o selo do Studio Ghibli, estou certa? 
Há vários momentos bons no filme, mas acredito que é bem melhor apenas assistir e sentir as sutilezas das cenas e história.

É um bom filme, me senti um pouco menos fatalista no final dele. A trilha sonora é bem legal e deu vontade de ir brincar de aquarela em alguns momentos.
Acredito não ter conseguido absorver todas as referências e questões culturais do filme, principalmente por não ser grande conhecedora/consumidora de animes e afins, mas ainda sim, todos os detalhes... tem um certo capricho nessa animação tipo o Shun levando a mão na testa ao escrever, a Umi segurando a mochila como se costuma segurar uma bolsa mesmo, etc etc. Bom, é um filme de detalhes e bastante bonito. 
Da Colina Kokuriko é uma boa escolha, vai ver a vontade de voltar a ser feliz pode ser que floresça ao terminar o longa...

Melancholia (2011) - 014

Quatro pizzas

Título Original: Melancholia

Direção: Lars von Trier
Roteiro: Lars von Trier
Gênero: Drama, Si-Fi
Origem: Dinamarca, Suécia França, Alemanha
Duração: 130 min
Tipo: Longa-Metragem
Cor: Colorido

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Melancolia (em português) é um filme que, dividido em duas partes, aborda as questões do ser humano de uma forma não tão óbvia e bem minuciosa.

A história é sobre duas irmãs: Justine e Claire. Na primeira parte, conta a história da Justine, uma noiva com seu noivo, indo para a recepção do casamento deles.
Na segunda parte, o foco é na vida da Claire, com seu marido, filho, na qual recebe sua irmã e fica sabendo da aproximação de um planeta nos próximos dias, o que a apavora.

Gosto de pensar neste filme retratando uma grande desterritorialização de si. Este "não-lugar" é muito visto pela personagem da Kristen Dunst (Justine), que se ver desterritorializada frente aos protocolos muito amarrados que a família, amigos, e assim, a sociedade impõem a ela. O querer não-ser-domada da Justine, mas também da Claire em algum momento. A recusa da morte, e com ela a tentativa desesperada de fugir. A enfim aceitação do inevitável: muito antes aceito pela Justine e depois encarado pela Claire.
Esses são grandes elementos desse filme fantástico, ao meu ver.
Aviso: Quando assisti esse filme, eu estava altamente influenciada pelo senhor Deuleze (teórico).

Filme longo. Arrastado. Pesado. O que não quer dizer que seja ruim. Eu gostei, só não foi leve de ver, mas já era esperado, afinal o nome do filme é "Melancolia".
Tinha um pouco de preconceito/dificuldade para filmes do Lars von Trier porque nunca consegui terminar o "Anti-Cristo", mas também porque tem um estrelismo por parte dos fãs sobre o diretor que me dava uma certa preguiça.

Melancolia tem no Netflix.


Sugestão da Carina A.

Once (2006) - 015

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Título Original: Once
Direção: John Carney
Roteiro: John Carney
Gênero: Musical/Romance
Origem: Irlanda
Duração: 85 minutos
Tipo: Longa-metragem
Cor: Colorido

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Once (Apenas uma vez em português) é um daqueles filmes que não precisa de um grande roteiro para ser incrível, nem de uma super produção para te envolver.

A história é sobre um irlandês que tem uma loja de consertos de aspirador de pó com o pai, mas que também toca nas ruas de Dublim por horas. Em uma noite, uma vendedora de flores tcheca o encontra e eles combinam de se ver no dia seguinte para ele consertar seu aspirador de pó. Eles acabam virando amigos, ela o ajuda a gravar demos em uma gravadora local e até recrutam outros músicos de rua para ajudá-los.

A história é um musical muito atual, sem nada mirabolante e muito delicado.
Para quem não gosta de musical, não precisa revirar os olhos porque as músicas não surgem do nada como se a vida fosse um espetáculo (se você se traumatizou com Les Miserables, não se preocupe porque Once é muito diferente).
Para quem gosta de musicais, elas são ótimas e o filme até ganhou um Oscar de Melhor Canção Original. A voz do Glen Hansard é linda e todo o filme vai te fazer olhar para os músicos de rua de outra forma.
Once tem no Netflix. <3


L'écume des jours (2013) - 0014

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Título Original: TITULO ORIGINAL
Direção: DIRETOR
Roteiro: ROTEIRISTA
Gênero: GÊNERO
Origem: PAÍS
Duração: MINUTOS
Tipo: TIPO
Cor: COR

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Shortbus (2006) - 020


Três pizzas

Título Original: Shortbus
Direção: John Cameron Mitchell
Roteiro: John Cameron Mitchell
Gênero: Drama/Romance
Origem: Estados Unidos A.
Duração: 101 min
Tipo: Longa-Metragem
Cor: Colorido

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Shortbus é um filme com uma ótima trilha sonora e com boa ideia para trama, mas se chocar é só pelas cenas de nudez e sexo explicito (O diretor lutou para que o filme não caísse no gênero "Pornográfico", então né, muitos nudes.), já que os diálogos são meio fracos. Melhor se for encarado como filme experimental.
É um filme relativamente fraco (mesmo assim fez reboliço em Cannes quando foi lançado para amostra do festival, por isso resolvi falar dele), uma vez que os diálogos beiram o clichê e o roteiro não é tão brilhante. O filme busca escancarar para o espectador questões muito íntimas das personagens, mas faltou.
Porém, não quer dizer que deixa de trazer questões interessantes para se tratar nos dias atuais.
Para fazer diferente, preferi criticar o filme de uma forma diferente e não cinematograficamente. Hoje vou falar desse punhado de coisas que se chama "ser humano" e as diversas questões que perpassam essa belezura de seres que somos.
Para isso, usei alguns textos maravilhosos e que disponibilizarei pelas referências.
Infelizmente não escrevi sobre todos os personagens, mas fica aqui que meu preferido é o Justin Bond.

Contém Spoilers.

O filme gira em torno de vários personagens da cidade de Nova York, entre eles, há a história de Sofia que é uma terapeuta sexual, mas que nunca teve um orgasmo. Certo dia, James e Jamie, um casal, vão ao seu consultório a fim de utilizar seus serviços para ajuda-los a dar outro passo na relação, uma vez que eles, vindo mais de James que de Jamie, querem abrir o relacionamento. Diante de Jamie, que em meio de sua epifania, Sofia perde o controle e com um tapa no rosto dele, ela desmorona de encontro ao seu próprio conflito: o de nunca ter tido um orgasmo (questão esta sempre presente em sua vida).

A reação da Sofia diante do casal mostra que a terapeuta tem um envolvimento na clínica, derrubando com o mito da neutralidade que ainda está muito presente neste contexto. Uma vez que todos têm questões, o terapeuta também encontra as suas diante do problema do outro no setting. Se encontrar com a dor, a impermeabilidade, a loucura do outro é algo que vai de encontro com estas mesmas questões do terapeuta (Moura, sem ano). É no ‘encontro’ com as questões do outro que a terapeuta tem sua afetação aflorada e ela desengasga toda sua questão quando com uma intervenção física ela transborda da profissional para o pessoal, de forma a não se separar mais. É com o casal Jamie e James que a Sofia conhece o bar Shortbus e começa uma busca para alcançar seu tão esperado orgasmo.
Shortbus é onde tudo acontece. As pessoas podem ir e deixar seus maiores desejos os controlar. É um bar, mas também um quase “sub-mundo (underground)” nova-iorquino onde os frequentadores são livres para buscar tudo o que quiserem. Claro que fazer e/ou ser tudo o que sempre quis requer uma boa dose de coragem, mas lidar com a decepção, frustração e tristeza do que não se é também pode ser revelador para o sujeito. A destruição que vem ao se assumir o que se deseja é precisamente o abandono radical de antigos ideais.
No Shortbus, sexo não tem a conotação moral que há em outros lugares de forma que o sexo é abordado naturalmente no filme, independente de qualquer tipo de questão que possa haver “problema” para que eles ocorram. O desejo dos participantes do Shortbus não é detido pelas questões de gênero, ou idade, ou demais relações que, em outra circunstancia, poderia impedir tais encontros.
A sexualidade e o sexo também se põem frente à mudança. Enquanto no shortbus há toda essa liberação do sexo, o prefeito retrata uma época vivida pela aquela mesma cidade, uma repressão referente não apenas ao sexo, mas também da sexualidade dos indivíduos. É a mudança da modernidade para o contemporâneo vivido por ele. Lá, sexo representa outra forma de relacionamento entre as pessoas pela que os une, ou seja, pela necessidade desenfreada do ser amado, ou até mesmo que seja uma ponte que liga essas pessoas, sendo rápido e sem profundidade, apenas pelo sexo. Há aqueles também que usem o sexo para justamente não se conectar a ninguém, seja pelo medo iminente do abandono ou por amar e não ser correspondido (Rolnik, sem ano).

Sobre a terapeuta, é quase palpável o desespero dela por nunca ter tido um orgasmo. Muito se pergunta como é possível ela ser terapeuta de casais/sexual e nunca ter tido a experiência de um orgasmo, mas esta não é a verdadeira questão (caso contrário deveria ser questionado se um homem poderia atender uma mulher, por exemplo). No filme, ela ocupa o papel de terapeuta no início, se pondo no lugar de ‘poder’, mas breve ela desliza deste lugar habitual, ou seja, essa delimitação dos ‘lugares’ de profissional e paciente que são previamente dados e estes ficam borrados, de forma que esses mesmos lugares não sejam mais possíveis de se estabelecer (Passos e Benevides). Então o papel da terapeuta perambula por entre os demais personagens do bar, de forma com que não somente ela desenvolve o papel de terapeuta, mas os demais desempenham como tal com ela. Assim, Sofia se mostra como mais uma integrante do Shortbus que também busca sua liberdade (de si mesma). A vontade que a personagem tem de experimentar um orgasmo vem de toda uma expectativa e do ideal (imaginário) de se sentir (mais) mulher, uma vez que isto faz parte da configuração como tal para a personagem.

Já o casal Jamie e James, tem uma questão interessante quanto à relação deles. No filme, o James passa a usar seu nome ao se apresentar como alguém diferente do seu namorado, com isso, é possível ver sua tentativa de se desvencilhar do Jamie. Já Jamie espera por James qualquer sinal para agir. Enquanto todo o filme James se porta mais distante e até mesmo infeliz, Jamie luta o tempo todo para melhorar o relacionamento, mesmo que isso indique a entrada de uma terceira pessoa. O esforço de Jamie para manter James ultrapassa as suas convicções, mostrando, assim, a simbiose que os liga dentro do turbilhão de emoções que é o relacionamento deles. James com seu medo de se tornar vulnerável; Jamie com seu medo de perder James, tece o relacionamento da forma que James o coloca pare ele. A dor de James era do seu vazio, da sua impermeabilidade. A dor de Jamie era do esperar por James (Rolnik, sem ano).
Assim, há novas formas de amor, configuradas pelo capitalismo e assim, agora há uma inflação da forma de amar, e isto desfoca a todos. De forma que, James está “eternamente condenados à vontade de partir (Rolnik, sem ano)”, registrado pela sua tentativa de suicídio, enquanto Jamie “nega-se à aventura, porque é na aventura que se evidencia para ela a desterritorialização, objeto de seu pânico (Rolnik, sem ano)”, registrado pela forma que ele aceita a proposta de abertura do relacionamento, mesmo não querendo isto. Marcado pelo desejo de estar junto, mas com o medo de ficar, de tecer fios, de ser permeável. Enquanto o outro se entende no medo da desterritorialização, medo do partir do outro (ainda Rolnik, sem ano).

Já o personagem do prefeito, traz todo um contexto sobre como as pessoas são impermeáveis, no sentido de que elas não se deixam afetar por nada nem ninguém a sua volta. A impermeabilidade veio como herança da modernidade, do medo excessivo e sem rosto de se ferir, da falta, do desamparo (Rolnik, sem ano). Não se tornar permeável é se proteger, se manter protegido de qualquer frustração.
Shortbus não traz uma história onde a sexualidade está no plano principal, mas sim no plano de fundo, na qual é perpassado pela impermeabilidade dos personagens, até que estes consigam (ou não) se tornarem mais permeáveis.

Referências:
Filme: Shortbus (2006) – direção: John Cameron Mitchell
“Encontrar” - Moura, sem ano.
“A Construção do Plano da Clínica e o Conceito de Transdisciplinaridade” - Passos, Eduardo e Benevides de Barros, Regina, 2000
“Amor: o impossível… e uma nova suavidade”  (que texto, meu deus!) - Rolnik, Suely, sem ano.

Por fim, gostaria de manifestar aqui o meu amor por essa mulher incrível que é a Suely Rolnik.


Roman Holiday (1953) - 0013


Cinco pizzas.

Título Original: Roman Holiday
Direção: William Wyle
Roteiro: Dalton Trumbo, Ian McLellan Hunter
Gênero: Romance
Origem: Estados Unidos/Itália
Duração: 118 minutos
Tipo: Longa-metragem
Cor: Preto e Branco

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A Princesa e o Plebeu (em português), é um romance leve e divertido que conta com Audrey Hepburn e Gregory Peck no elenco. Um dos meus favoritos com a Audrey.

A história é sobre a Princesa Ann (Audrey Hepburn), uma princesa com uma agenda cheia que depois de uma "crise nervosa", decide fugir de onde está hospedada para ver Roma, porém, por estar medicada, ela acaba dormindo em um lugar público, onde Joe Bredley (Gregory Peck) a encontra e a ajuda, sem saber quem ela era. Por ser jornalista, Joe descobre que a garota que estava dormindo em seu apartamento era na verdade a princesa. É então que a Princesa Ann, ao acordar, não diz quem é de verdade, enquanto Joe tenta ter o maior furo de reportagem já feito enquanto a leva para conhecer Roma e fazer coisas normais, nas quais ela nunca fizera antes.

Filme doce e encantador na qual Audrey Hepburn brilha como sempre em sua atuação delicada enquanto Gregory Peck se encarrega do charme, por assim dizer.
Uma das coisas que eu mais gosto nesse filme é a simplicidade com que tudo acontece. Hoje em dia a história poderia até ser um grande clichê, mas para a época não me parece muito convencional. Outra coisa interessante sobre o filme, é que os papéis parecem ter sido feito sob medida para os atores.

O filme rendeu diversos prêmios, incluindo o Oscar de melhor atris para Audrey Hepburn.
Se você nunca viu algum clássico hollywoodyano, sugiro que comece por esse.


Coherence (2013) - 012


Quatro pizzas e meia.

Título Original: Coherence
Direção: James Ward Byrkit
Roteiro: James Ward Byrkit e Alex Manugian
Gênero: Sci-Fi/Thriller
Origem: Estados Unidos
Duração: 89 minutos
Tipo: Longa-metragem
Cor: Colorido

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Coherence é um thriller psicológico com base quase que exclusivamente em diálogos e um bom enredo. Tudo bem rápido.

O filme é sobre um grupo de amigos que vão jantar juntos na casa de dois deles durante a passagem de um cometa, na qual havia rumores de que este pode trazer mudanças no comportamento das pessoas. Durante o jantar, depois de uma queda de energia, coisas estranhas começam a ocorrer e eles tentam traçar estratégias para passar a noite e entender o que está acontecendo.

Fui assistir o filme sem muita pretensão, achando que ia ver um daqueles filmes 'wanna-be-cult', mas a surpresa foi boa. Coherence traz um thriller psicológico que prende e leva o expectador também pensar sobre o que está vendo, até mesmo questionar. Inclusive recomendo assistir com os amigos porque vai ser legal a discussão pós-filme.

O filme é todo cheio de diálogos, se passa todo na casa dos personagens e os atores são bons. Você se sente no jantar com eles, do outro lado da mesa vendo tudo acontecer, muito bem feito.

O filme não é difícil de entender, mas é possível que algumas pessoas não entendam direito e por isso até não gostem, mas vale a pena se esforçar para entender o que está passando na tela. Mas se mesmo assim você não entender o que viu vou deixar aqui (o vídeo contém SPOILER ) um vídeo que explica direitinho.

Não sei se faltou alguma coisa. Acho que não. Foi na medida.